"Façamos votos"
"Só um desejo de nitidez ampara o mundo..."
- Mário de Andrade, do poema "Momento (Abril de 1937)"
Então não estamos exaustos.
As bocas limitam com o mundo
seus embrulhos prateados –,
“paga
uma miséria e a burocracia
é interminável. Que mais
queriam
neste pé do ano?”. Contração da primavera
até dar com os punhos
cerrados
sobre a mesa da cozinha.
Solstício.
Os jornais.
Então
somos homens ao sol,
não
somos?, homens no princípio
de certo peso, desejosos de –,
Coisas caminhadas às claras,
tão distantes de adivinhas
quanto
estamos de uma pátria
mãe: Ao dar com
os punhos cerrados
sobre a mesa da cozinha,
desengasta a palavra
“solstício” de uma folha
de jornal
***
Para o Murilo
Certos
muros da cidadezinha reflorida
colocarão
sua juventude como um problema
incontornável
–,
..........................algo que devo ver.
É pena que isto só me ocorra
agora,
meses depois, na fila de uma
casa lotérica,
a baita metrópole a meio.
Evocação, coisa fortíssima donde
construo os pés. Por
desgraça,
nenhum outro poema me estendia
agora o isqueiro.
Não há quem compre sapatos novos,
quem jante com o Dirk Bogarde.
O poema, então, é pagar esta multa,
voltar para casa o quanto
antes,
ver se a mãe já conseguiu
comer alguma coisa
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