domingo, 28 de setembro de 2014

O Setembro Seguinte



Precipitação de agulhas no cômodo ao lado.
A custo reúnem-se
o céu,
os bibelôs da cidade do Cairo,
uma gabardina estendida para secar, o cheiro a urina na manta
sobre o parapeito da janela – viver –,
circunvalado pela doença.
Cair, eventualmente,
com a tosse marretando, engulho, grossas passadas rumo ao banheiro às três da manhã.
Uma partilha difícil, em todo caso, indecente.
A morte
em tudo, um peso sanatorial –, arca, baú, banco de igreja –,
arca, baú, banco de igreja.
Tudo participa do meu tamanho. As consistências, porém, oscilam.
A tubulação caduca.
Todos sabem que a fiação não aguenta até o ano que vêm.
Todos sabem, tudo
virá abaixo, não será por falta de aviso,
será a coisa mais distante de um poema de que já se teve notícia.
Contra o verde nauseante da pia, amanhece a branca noite dos pulmões.

Nenhum comentário:

Postar um comentário