Bom, nada mais absurdo que meu vulto
rondando essas rodoviárias do interior do estado, acorcundado sob a
mochila grande demais, pernas penduradas
de altos bancos de concreto –, balançando, balançando... Mas isto
à primeira vista.
Uma agradável sensação –
afetação, como quiserem – de continuidades decorre de estar num
lugar e, logo em seguida, noutro. Talvez se trate de uma cidade
abandonada às pressas, feita para se abandonar às pressas, de
improviso, com firmeza de decisão tão absurda quanto a mochila que
agora lhe pesa sobre as
costas; talvez se trate de uma cidade que – como insiste em dizer
aos amigos que lá foram cavar a vida –, nunca lhe fez favor
nenhum, muito pelo contrário.
Quem sabe? Partidas bem mais improváveis despencam sobre todos,
todos os dias, basta olhar em torno. A você, mau amigo das viagens,
a quem o simples ato de se deslocar de um canto a outro de um saguão
envidraçado
parece, no mais das vezes, inteiramente impossível, outro destino
não caberia.
E como se não bastasse, ao longo das
estradas percorridas de noite espaçam-se lugares ainda menos
definitivos. Como é difícil acreditar que cidades inteiras se abrem por
detrás das paradas, dos banheiros das paradas, dos sucessivos
espelhos em que meu rosto vai se embaçando –,
estes banheiros onde
invariavelmente se pensa
– isto é possível, não eu, eu me movendo é
inteiramente possível.
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