E as atrizes de má morte
Lenta,
excruciante comédia de passar à frente do armarinho três, quatro
vezes, que as outras possam ver como vai bem, ainda que nos papéis
de travessia sofra infinitamente uma Mérilin,
estaca numa pedreira, parada, nada soprando do metrô.
(Salta
de um segundo piso a voz da moça a serafins. “É música
clássica”. Ah.)
À
mostra as raízes pretas, o fraco por Grapette e drops tangerina,
também os seus excessos (constataremos) fatais.
À
mostra é uma pedreira; o armarinho do outro lado; o sol do meio-dia;
os uniformes de que fora despedida na semana anterior.
À
mostra os dedos de vime, noutra as mãos de velha, enganchando
retrato do único Tom, do único Dick, do único Harry a quem
sobremaneira amara.
*
Cansado de histórias de sucesso
Dessa
ciganagem de tão longe, o nome improvável que o rádio da cozinha
tanto martelara na mãe. Já o pai não parece tão certo quanto o
campo geado onde pus os tratores.
Tampouco
a chaleira apitando – go West.
Na
caçamba de uma perua enlameada, entrechoque de garrafas vazias,
vodca barata, cola de uva. Baganas pisadas sobre um tatame preto.
Depois,
uma espécie de república.
Quatro
ou cinco, gente de viela, conhece nas aulas de teatro. O sexo. Onde
ponho tratores também.
“Todo
mundo tem uma fase São Paulo.”
A
questão é o que vem na sequência, vai vestir as enervadas do eixo.
Eleito
oráculo de videolocadora.
Quando
me encontra, fala sem derramar do amigo que perdeu a memória. Leva
pela orla passear. “Peixinho dourado”.
Passados
alguns meses, quebra a boutique em Copacabana. Poucas parcelas de
saldar a tatuagem da Piaf.
Recomeçar
pela undécima vez.
“Como
um gato. Pode me jogar do décimo andar que eu...”
Meamos
um expresso no saguão do aeroporto. Tinha conseguido trabalho num
longa-metragem de baixo orçamento. Não é lá essas coisas, mas tem
que fazer a vidinha. Soa sólido.
Soa
sólido também. Não era assim que aquele americano financiava seus
projetos autorais?
Seria
interessante, enfim, poder falar sem chamar mais ninguém a palácio.
A
verdade é que isto não é mais possível.
E
agora, para onde vai? o que vai fazer depois?
“Vou
ficar velho e morrer esperando as condições ideais”
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