terça-feira, 8 de julho de 2014

[Troca-se a consciência por um hábito preto, monacal,]


Troca-se a consciência por um hábito preto, monacal,
as ilhas de ranho e porra e troca-se
a consciência por um par
de olhos um bocado amanifestos voltam-se
para o rombo na porta do banheiro
por onde os bombeiros arrastaram-no sábado passado
                                           os olhos
                                           os olhos cortados cerce
ouve-lhe ainda a patrícia rosnadura
diante de uma planta aproximativa do shopping Eldorado & outro
que esbugalha-se à janela do quarto às duas da manhã
& outro que ergue o bisturi cansado do semimorto em que vem operando já faz horas
& vislumbra um outro emparelhar-se com Veneza a caminho do barbeiro
& ainda outro que afirma não ter perdido em absoluto o senso de humor ao entrar para o monastério

por fim, uma das ilhas que vêm figurando tão insistentemente em nossos últimos e-mails lança um braço de rocha pela gola
porque breve extrapolará o quarto a canção de amor do tecido desfeito,
porque se rompe um braço uma perna um outro acordo qualquer
& agora já somos tantos que somos
grilos,
corujas, hermafroditas, cracudos, chineses que escrutam o loteamento ao lado à procura de um terreno para a construção da nova sede do consulado, que somos
tantas criaturas de fábula,
tantos desgraçados a aguardar com perfeita paciência o momento da fábula,


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